Financiamento imobiliário recua 18% no Nordeste
Entenda os motivos e as projeções para 2024
05/12/2023 - 3 min de leitura
O cenário do financiamento imobiliário no Nordeste revela uma realidade desafiadora, com uma queda expressiva de 18% nos recursos da poupança entre janeiro e outubro de 2023, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Dentre os estados, Sergipe, Piauí e Maranhão lideraram essa diminuição, enquanto o Ceará destacou-se ao manter-se praticamente estável, desafiando as tendências regionais. Vamos explorar os motivos dessa oscilação e as projeções para o próximo ano.
Ceará: Estabilidade em Meio à Queda Geral: Enquanto outros estados do Nordeste experimentaram reduções significativas nos financiamentos imobiliários, o Ceará surpreende ao apresentar uma diminuição mínima de 0,53%. Em termos absolutos, o montante movimentado no estado saiu de R$ 2,56 bilhões para R$ 2,55 bilhões, tornando o Ceará o segundo colocado na região em valor e unidades financiadas em 2023. Uma estabilidade que destaca o mercado imobiliário cearense em meio ao panorama regional.
Fatores que Influenciam o Cenário Cearense: Ana Maria Castelo, coordenadora dos Projetos de Construção do FGV Ibre, destaca o comportamento peculiar do mercado imobiliário cearense em contraste com a queda nacional nos financiamentos. A economista sugere que o boom imobiliário de imóveis de alto padrão em Fortaleza pode ser um fator relevante. A população com uma faixa de renda mais elevada parece sofrer menos restrições, e as empresas podem estar direcionando seus esforços para atender a essa demanda específica. Além disso, o Índice de Valorização de Imóveis em Fortaleza está abaixo da média nacional, proporcionando condições mais favoráveis para o mercado local.
Visão Setorial: Patriolino Dias de Sousa, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), destaca a redução nos estoques e a sinalização de diminuição das taxas de juros como impulsionadores da demanda no estado. Esses fatores podem contribuir para a resistência do mercado imobiliário cearense em meio à tendência de queda na região.
Projeções para 2024: Apesar de uma queda mais acentuada nos valores financiados em outubro, com uma redução de 12% em relação ao mesmo mês do ano anterior, as expectativas para 2024 no Ceará são otimistas. Patriolino Dias de Sousa acredita que os valores movimentados conseguirão superar os do ano anterior, baseando essa projeção na observação de uma maior busca tanto nos stands das construtoras como nos sites. A economista Ana Maria Castelo, por sua vez, aponta que, nacionalmente, não há previsão de crescimento dos financiamentos imobiliários pela poupança para 2024, mas as quedas devem ser menores que em 2023.
Desafios e Oportunidades para o Mercado Imobiliário: Ana Maria Castelo observa que o mercado imobiliário já previa um cenário complicado em 2023, com o aumento das taxas de juros e a diminuição das ofertas bancárias. No entanto, ela destaca o relançamento do Minha Casa Minha Vida como um ponto otimista que retoma o protagonismo do mercado de habitação popular. A economista ressalta que, para o crédito de média renda, o cenário é desafiador devido à pouca disponibilidade de recursos, o que contribui para o aumento dos custos do financiamento.
Conclusão: O Ceará se destaca no contexto do Nordeste ao resistir à queda generalizada nos financiamentos imobiliários, revelando um mercado peculiar e resistente. Enquanto outros estados enfrentam desafios, o Ceará apresenta oportunidades, impulsionado pelo boom imobiliário de alto padrão, redução nos estoques e sinalização de diminuição das taxas de juros. As projeções para 2024 são otimistas, mesmo diante do panorama nacional desafiador, destacando a resiliência do mercado imobiliário cearense.